Resumo
A herança construída vimaranense constitui um repositório inesgotável de estratigrafias edificadas que moldaram a paisagem do concelho ao longo de milénios e cuja pegada se intensificou nos últimos séculos. Este texto pretende ser uma síntese e uma proposta analítica no sentido de uma interpretação globalizante de um tempo e espaço vastos e densos. Decorre do trabalho no domínio da História da Arquitectura do projecto Hereditas | Atlas da Paisagem Cultural de Guimarães.
Qual bandeira patrimonial, o centro histórico da cidade sugere percursos que encontram arquitecturas militares, religiosas e civis. Porém, Guimarães não se densificava ou se renovava apenas no seu miolo consolidado, emanando tempos e correntes artísticas que encontram semelhantes pelo território concelhio. Propriedades agrícolas acabaram por se constituir como catalisadores de uma expansão urbana que abraçou conjuntos isolados. Outras arquitecturas religiosas e domésticas provocam espelhos medievais e modernos, com diferentes graus de erudição, que se misturam com uma dimensão vernacular que se pode ler em muitas quintas e seus componentes de apoio. Marcado pela cultura do granito, a este palimpsesto urbano-construtivo juntam-se novos programas arquitectónicos, resultantes da deriva económica, social e contemporânea.
Em suma, a área do concelho de Guimarães convoca, por um lado, uma leitura diacrónica de modos de desenhar e construir edifícios ou estruturas que acompanha a dinâmica regional, nacional e até internacional, e, por outro, apela a uma reflexão sobre o valor patrimonial do repositório edificado na esfera glocal.
Casos de estudos